quarta-feira, 3 de março de 2010

Minhas já tradicionais ausências...

Esse texto é escrito sem rascunho. É a razão das minhas razões. Não quero fazer "metanada", mas fugindo ao rumo ficcional devo dizer que estar ausente da escrita faz quase parte da minha existência. Eu só não queria que fizesse, não preciso explicar o porquê.

Acho, todavia, que um porquê eu posso dizer agora. O porquê da minha ausência. Esse porquê está no olhar. No meu, ou no dos outros, eu não sei. Acho que é no meu, mas só acho. É aquela diferença entre imaginar uma pessoa correndo sábado à noite porque tem seus problemas, ou simplesmente ver uma pessoa correndo sabado à noite. Talvez a diferença também entre fugir do olhar que cruza quando se anda na rua e fixar o olhar sem fugir como quem quer saber "o que você vai me contar, hein...". É, finalmente, a diferença entre saborear os momentos, vivê-los, deixando que eles fiquem ali no instante e ir atrás deles, imaginar - o que não quer dizer deixar de saborear também, mas não ficar só nisso. Nenhuma postura é superior à outra, só que uma não alimenta com aquela ração diária necessária minha produção escrita. Acho que é isso que eu chamo de criatividade. Uma mistura de experiências com um olhar crítico e curioso. Não existe nada místico além disso. E por um tempo isso me faltou. Nenhum texto veio à luz, ficaram todos escondidos em um caderno escuro - muito bonito e convidativo, mas ainda escuro -, e é possível que alguns venham à luz nos próximos dias.

Com essa satisfação prestada, fico também no aguardo por dias guiados por um outro olhar.