terça-feira, 21 de outubro de 2008

Só pra começar esse blog sem nome

Dois textos pra postar hoje, vou começar por um qualquer. Talvez um dia isso vire algo maior.

Vôo no vácuo

Espirrou tantas vezes, logo após o acordar, como o costume ordenava. Seguiram-se momentos de incômodo nasal, e despertou. Veja bem, por mais que essa informação pareça descartável ou desagradável, não é assim que as coisas vão e vêm. Espirrar por si só pode ser tudo, nada, alguma coisa.

Há quem só acorde, e há quem acorde e só espirre. Essas pessoas não despertam, não. Ficam na água quente, esperando que a venha morna ou fria, sem tempo, sem noção.

"Mas que merda de espirro. Quem dera que você não mais espirrasse assim".

De imediato balançou a cabeça como quem diz "não". Não.

Tomou o café e foi para o trabalho. Não há o que dizer. Até porque se fosse perguntado sobre o dia, a resposta seria vazia – não nula, mas vazia.

Depois de um tempo indizível, a epopéia vital de uma mosca, ou sabe-lá-quantas mitoses, chegou em casa.

De repente, um som fora de tom. Um gosto... mas é água! "Fiz um lanchinho pra você". Que doce, que verdadeiramente doce!

Contam por aí que o dia tem vinte e quatro horas. Perdão. Duas dúzias? Mentira sem-vergonha! O dia começa quando se dá por gente, passa uma mosca, geralmente, e volta à noite. É uma pena, mas muitas vezes o dia foge do sol, ou quem sabe foge-se de favor ao astro.


Ao deitar-se, beijou com carinho, como quem diz: Calma! Toda essa parte passa. E antes que nós, por vez, passemos, vamos estar juntos!
Puxou o cobertor e espir-rou.